Médicos e enfermeiros iniciarão dois dias de greve esta semana, reivindicando melhores condições de trabalho, salários mais justos e maior investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A paralisação é organizada separadamente pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
A greve nacional ocorrerá na terça e quarta-feira, com uma manifestação de médicos no primeiro dia e uma concentração de enfermeiros no segundo, ambas diante do Ministério da Saúde, em Lisboa.
Os líderes das entidades sindicais, José Carlos Martins (SEP) e Joana Bordalo e Sá (FNAM), explicaram à Lusa que a greve coincidir nos mesmos dias foi “mera coincidência”, mas deixaram em aberto a possibilidade de um futuro protesto conjunto envolvendo todos os sindicatos da saúde.
“Somos independentes, mas o fato de ambas as classes convocarem greves ao mesmo tempo reflete o descontentamento generalizado e a incapacidade do Ministério da Saúde, sob a gestão de Ana Paula Martins, de resolver os problemas”, destacou Joana Bordalo e Sá.
José Carlos Martins acrescentou que, embora a greve tenha sido marcada pelo SEP no dia 9 de agosto, não houve articulação com a FNAM. No entanto, ele frisou a importância de todos os sindicatos da saúde se unirem para exigir mais investimento no SNS e a valorização de seus profissionais.
Bordalo e Sá corroborou essa visão, destacando que a FNAM discute a possibilidade de unir médicos, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos e outros profissionais da saúde em uma ação conjunta de protesto no futuro.
“A união de toda a classe pode ser necessária, principalmente se o Ministério da Saúde continuar inerte. Se preciso, intensificaremos nossa luta”, acrescentou a médica.
Questionado sobre o impacto da greve no SNS, Martins afirmou que é difícil prever, mas espera uma adesão significativa dos profissionais.
As reivindicações do SEP incluem a valorização das remunerações, a negociação de compensações pelo risco inerente à profissão, aposentadoria antecipada, correção de injustiças nas progressões de carreira e contratação de mais profissionais.
Já a FNAM afirmou que a greve foi inevitável diante da falta de respostas do governo. “Não há negociações sérias, apenas aparências. Não vemos soluções concretas para atrair médicos ao SNS”, lamentou Bordalo e Sá.
A médica destacou que, além de melhores salários e condições, a greve defende um SNS público, universal e de qualidade, atendendo a todos os níveis de cuidados de saúde.
Ela também sublinhou a urgência de discutir a grelha salarial até o final de setembro para que possa ser incluída no Orçamento de 2025, lamentando a falta de sensibilidade da ministra da Saúde para essa questão.
A FNAM também prioriza o retorno às 35 horas semanais de trabalho, às 12 horas em serviços de urgência, a reintegração do internato na carreira médica e a criação de um regime de dedicação exclusiva opcional.
“Exigimos uma ministra que entenda de saúde, e esperamos que no dia 24, em frente ao Ministério, tenhamos não só médicos, mas outros profissionais e a população para, juntos, defender o SNS”, concluiu a líder sindical.